quinta-feira, 21 de março de 2013

A matéria da Mais Feliz sobre Lázaro Britto

A história do jornalista amputado Lázaro Britto, que em março do ano passado criou o Blog Passo Firme para realizar o sonho de ter uma perna mecânica, chamou a atenção da revista Mais Feliz, publicação semanal feminina da Editora Abril publicada no Nordeste. No dia 14 de dezembro, quando ainda estava em São Paulo finalizando a primeira etapa da protetização no Centro Marian Weiss (CMW), o blogueiro recebeu ligação da jornalista Daniela Abreu querendo saber detalhes de sua história. A indicação para a entrevista partiu do amigo do jornalista Flávio Peralta, do site Amputados Vencedores. A matéria “Minha filha inspirou minha adaptação!” foi publicada na edição nº 17 da revista, que traz a atriz Dira Paes na capa. O texto, construído em formato de depoimento, relata um resumo da história de Lázaro que, por amor à mulher e à filha, conseguiu vencer o câncer e uma amputação. O único equívoco da reportagem foi afirmar que o jornalista foi presenteado com a prótese por uma clínica de São Paulo – o CMW – em troca de parceria com o blog, dando a entender que o equipamento protético fora concedido gratuitamente, o que não ocorreu. Nenhuma das propostas recebidas pelo blogueiro envolvia concessão gratuita e sim a confecção da prótese por um valor diferenciado. Clique na imagem ao lado para ler a materia completa.

No dia 21 de agosto de 1997 seria o dia em que mudaria toda a minha vida.

Trabalhava em uma empresa que fazia troca de transformador de alta tensão. Logo após o almoço saímos para fazer uma troca em uma chácara,chegando no local preparamos todas as ferramentas para executar o serviço. Logo em que subi a escada seria o momento em que levaria um choque de 13.800 volts,ficando pendurando ao poste e preso ao cinto, o que evitou que caísse lá de cima. Graças à equipe de resgate, que chegou logo ao local, eu fui retirado de cima. Aí começaria toda uma longa historia em minha vida. Chegando ao hospital com os braços e parte do pé queimados, fui parar direto na UTI, mas a preocupação não seria essa no momento,mas sim com a parte interna do meu corpo. Meu rim não estava funcionando e se ele não funcionasse eu estaria morto hoje. Fazia três dias que estava urinando sangue, mas graças a Deus ele começou a funcionar. Após passar isso, a nova preocupação seria em tentar recuperar os meus braços que estavam queimados, devido ao choque. Mas, infelizmente não teria mas jeito e a única possibilidade seria a amputação dos braços. Eu estava inconsciente e não sabia o que estava acontecendo. A autorização para fazer a amputação ficou para os meus pais. O que não deve ter sido muito fácil para eles. Após fazerem a amputação houve uma infecção nos braços e tive que voltar para a sala de cirurgia para amputar mais uma parte dos braços. Depois começou a parte dos curativos. Quando a enfermeira chegava no quarto dava vontade de sair correndo. Com os braços abertos para fazer a limpeza senti uma dor insuportável. Então colocavam gazes na minha boca para poder gritar de dor e para que as outras pessoas não se assustassem com os meus gritos. Passou a fase de curativos. Agora seria o momento de fazer uma plástica no que restou. O médico tirou a pele da minha perna para fazer o enxerto nos braços . Para essa cirurgia foi necessário ficar no hospital uns 40 dias. Após a recuperação viria o momento de deixar os braços preparados para colocação das próteses. Mas, meu braço esquerdo, o qual sobrou o cotovelo, teria que aumentar mais ou menos 6 cm, através da colocação de um aparelho, chamado Ilizarove Nesta cirurgia, coloca-se um aparelho com um monte de ferro dentro do osso. Nesse momento as dores foram insuportáveis. Mas, deu tudo certo. Quando fui tirar este aparelho tive um choque anafilático,causado pela anestesia. E lá fui eu parar na UTI de novo. Ocorreu tudo bem e fui embora no outro dia. Agora teria que fazer um enxerto na pele que estava fina se não suportaria a prótese. Vamos lá de novo para cirurgia. O médico tentou tirar a pele da barriga, mas houve rejeição. Tive então, que colar o braço na barriga por 30 dias. Aí, deu certo. A pele da barriga foi parar na ponta do braço. Essa cirurgia existe a mais de 50 anos. Depois de tudo isto já tinha feito mais de 11 cirurgias. e estava pronto para fazer colocação das próteses. Hoje vivo muito bem sem os meus braços e a cada dia agradeço a Deus por ter me dado minha vida de volta. Independente de ser um deficiente físico, amputado, hoje percebo que qualquer pessoa está sujeita a preconceitos. Esses sempre vão existir. Depois de ter passado por uma experiência dessa dou valor muito mais na vida. Consegui colocar minhas próteses e me adaptei muito bem. AGRADEÇO AOS MEUS PAIS, MEUS FAMILIARES E AMIGOS PELO APOIO E PELA FORÇA QUE ME DERAM. TAMBÉM AGRADEÇO A PESSOA QUE ME FEZ DESCOBRIR O QUE ERA AMOR: A MINHA ESPOSA. francoperalta@sercomtel.com.br Proprietário do Site http://www.amputadosvencedores.com.br Este meu msn Messenger flavio175@hotmail.com

'Vim para fazer diferença' diz passista que teve perna amputada

A estudante Haone Thinar, de 20 anos, é uma veterana do carnaval de São Paulo. Ela não se deixa abater pela condição de amputada. No carnaval 2012, desfilou como passista da Nenê de Vila Matilde. “Vi que no samba tenho mais oportunidade. Queria mostrar que, apesar de ser deficiente, não preciso deixar de ser passista, vim para fazer diferença no mundo”, disse a jovem. Nos anos anteriores, ela desfilou pela Mancha e Vai-Vai. A estudante conta que mantém uma rotina na qual não se deixa prender por barreiras: já fez capoeira e freqüenta bailes funk. Ela teve a perna amputada aos nove anos por causa de um câncer, mas mesmo assim não desistiu dos sonhos e já cursou teatro. Estudante do 3º ano de ensino médio, ela trabalha como atendente no DER. Se pudesse deixar um exemplo, falaria diretamente para as garotas que enfrentam problemas parecidos. “Menina é mais vaidosa, acha que quando perdeu um membro, perdeu a vida. As pessoas dão risada de mim, mas eu sou mais eu. Vou atrás dos meus objetivos”, disse. Haone terminou um relacionamento d 5 meses na véspera do carnaval porque o namorado não queria que ela desfilasse. “Terminei por causa do carnaval, ele tem ciúmes. Ele pediu para escolher e eu falei que ficaria com o carnaval”, disse. A mãe, Sandra Silva, de 42 anos, já não se surpreende: “sempre falei para ela nunca se deixar abater por ninguém”, disse.